As sementes da moral e dos bons costumes foram lançadas na Europa Medieval...num tempo em que a Guerra era a profissão de reis e nobres, havia que, em tempo de paz, valorizar a civilidade. Mas como o fazer, se "andar à espadeirada" era algo que lhes corria no sangue? Havia que arranjar uma maneira de justificar o espírito guerreiro, mesmo com os infiéis ao longe. Surge então o ideal de cavalaria! À sombra de um código de conduta, arranja-se uma desculpa para entrar em torneios. Civilizar o combate através da defesa da honra da dama...lutar pela proteção dos oprimidos, das viúvas e dos orfãos.
E onde iam eles buscar inspiração para os seus actos? Aos romances de cavalaria. O "Romance da Rosa" (não é "Nome da Rosa" de Umberto Eco) funciona como um repositório das normas de conduta. O jardim do amor é um reduto onde não entram defeitos. A velhice, a tristeza, a avareza ou a inveja ficam fora dos muros. Lá dentro tudo é belo... "Os Cavaleiros da Távora Redonda" foram também um bestseller da altura...mas aquilo não correu lá muito bem entre o Rei Artur e o Lancelot, que ao que parece, esquecendo-se dos contornos que o amor cortês devia assumir, deu uma voltinha com a Guinevere (a mulher do Rei Artur)...pois foi, depois a coisa correu mal e não conseguiu conquistar o Santo Graal... se tivesse esperado mais uns séculos podia ler o "Código Da Vinci" e continuar a sair com a Guinevere.
O nosso bravo cavaleiro está disposto a morrer pela sua amada, a despojar-se das suas roupas para agasalhar os que têm frio, a partilhar a sua refeição com os famintos...de cabelos ao vento, enfrentando ventos cortantes e desertos escaldantes .
A nossa matriz cultural está assente também no ideal de cavalaria... mesmo num filme em que as personagens principais são um Ogre Verde e uma princesa "rechunchudinha"...