quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

As reformas ideológicas têm sempre uma vontade económica que as sustenta


Aqui fica um "piqueno auxiliar de mimória" sobre a Reforma Protestante.
Imaginem Wicliff, um padre em Inglaterra, que depois de perder algum tempo a estudar a Bíblia , viu que esta podia ser lida e interpretada por todos e por isso resolveu traduzi-la para o inglês. (bom, claro, nem todos sabiam ler) Como devem calcular, esta ideia é mal acolhida em Roma e Wicliff é considerado um herege.

O Cisma do Ocidente (1378- 1417) fragiliza a igreja a partir do seu interior, criando divisões à escala europeia (o nosso D. João I vai apoiar o papa de Roma para deixar bem claro perante os espanhóis a nossa indepêndencia)
O comportamento corrupto dos clérigos (que viviam como laicos, mergulhados no luxo e no vício) também não ajuda nada a imagem da igreja católica. Tudo isto conduz a uma crise de fé, mas...O pretexto é sempre o mesmo…o dinheiro! E foi despoletado por Roma. É verdade, a Basílica de S. Pedro implicava um orçamento para lá do que aquele que a igreja podia comportar mas era importante para a imagem de Roma no mundo (mais ou menos como os estádios de futebol...)

O Papa leão X, da casa dos Médicis (os mecenas, lembram-se?) precisava de dinheiro para a construção da basílica de S. Pedro. Ainda pensou em aumentar o IVA, mas depois achou melhor mandar os seus vendedores de indulgências calcorrearem a Europa, qual Sport Lisboa e Benfica para angariar mais sócios para o maior clube do mundo! Os monges lá iam estrada fora, (ainda não havia caminho-de-ferro) vendendo certificados papais atestando o perdão de toooodos os pecados a quem tivesse dinheiro para lhes dar…é sempre bom ter um qualquer coisa escrita (mesmo se são soubermos ler) que aquando da nossa morte nos iliba da ida para o inferno!

Agora pensem um pouquinho. Quem acham que não gostou do negócio das indulgências?Claro! Os príncipes! Era desagradável ver o dinheiro a voar para os cofres do santo padre…então que terá feito o Papa? Claro! Vai convencê-los a licenciarem-lhe o negócio em troca (há sempre contrapartida) de uma participação nos lucros. Mas nem todos aceitaram e o resto já sabemos… foi a Reforma Protestante.E como terá reagido a Igreja de Roma? Contra-atacou (género Guerra das Estrelas - O Império Contra-Ataca, Luke Skywalker, R2D2...Ops, é verdade este filme é mais velho que vocês) e vai fazer a Contra-Reforma (só podia ter este nome!) cujo Concílio de Trento (em Trento...naturalmente) reunião magna que vai durar de 1545 a 1563 e onde foram tomadas decisões que abalaram a Europa. Uma dessas decisões foi o Index Libro rum Prohibitorum (a lista de livros proibidos) e a reactivação do Tribunal do Santo Ofício - a Inquisição. Para lembrar esse meeting católico, deixo-vos uma tela de Tiziano.


Bom, mas faltou falar em dois nome importantes da Contra-Reforma. Quem são essas duas "personagens"?

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Banquete



Numa das próximas aulas iremos abordar a pintura da escola de Veneza que floresceu no século XVI e que se desenvolveu com influências da escola de Pádua e de Antonello de Messina (que ao que parece foi quem introduziu a técnica da pintura a óleo dos van Eycks). Como características podemos realçar a utilização da cor de uma forma mais intensa. A neblina da cidade irá contribuir para os contornos diluídos e a valorização da cor.

A pintura veneziana atingiu grande notoriedade, nomeadamente na decoração dos interiores dos palácios, que já tinham sido construídos antes e que estavam a precisar de uma "redecoraçãozita". O gosto burguês de ostentação favorece uma produção artística que privilegia a cor brilhante, exalta a riqueza dos interiores, dos vestuários, dos adornos e a paisagem.

Um dos mestres mais antigos foi Bellini (e família!) a que se seguiram Giorgione e Ticiano...e depois Tintoretto e Veronese. Paolo Veronese é o autor destas "Bodas de Canã". Na Veneza do século XVI o banquete é um verdadeiro espectáculo. Reparem na mesa que está disposta em U, o que permite que ao centro se desenvolvam as "variedades". O banquete seria composto por seis ou oito pratos (estamos a abrir portas ao barroco com as meninas com excesso de peso). Pelo ambiente podemos perceber que a cena tem como protagonistas famílias abastadas que casam os filhos...a propósito onde estão os noivos? Não ocupam o lugar principal, esse está destinado para Jesus Cristo...realmente a estrela da noite: é que houve um erro de planificação e a dada altura os donos da casa apercebem-se que o vinho acabou! A tragédia, o horror, o pânico...mas então Jesus Cristo fez um milagre: transformou a água em vinho e salvou a festa. (espreitem para o pormenor do moço a verter o vinho, do lado direito em baixo). Que descobrem mais?
Deixo-vos duas imagens, em que uma é tirada no Louvre, para que tenham a percepção da dimensão real do quadro.

The uncultivated person does not know what is missing



A propósito do dia dos namorados aqui vos deixo um pormenor e o quadro "Madonna Sistina" de Rafael (1513-14;óleo sobre tela, 265 x 196 cm, Gemäldegalerie, Dresden) Assim já podem causar boa impressão junto da alma gémea ;)
até porque:


The uncultivated person does not know what is missing

(H.S. Broudy, 1976)

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

a propósito do teste de hoje...



Aqui ficam os tópicos para as respostas às perguntas do teste que realizaram hoje; "em nome da transparência e do rigor". Claro que sabem que são também avaliados pelo "bom português" e pela utilização de forma adequada do vocabulário específico da disciplina.

1.De meados de quatrocentos (1ª metade do século XV) até ao ínicio do século XVII (1618). A Europa.

2. A organização política em cidades-estado e não sob o sistema feudal, que permite uma sociedade mais eclética, aberta social e culturalmente;A situação económica favorável graças ao comércio internacional, e aparecimento dos bancos; Sistema social flexível que permite a ascensão da burguesia e que contribui para a política do mecenato; Os vestígios, arqueologia, edifícios monumentais e tratados, da civilização romana.

3. a; a; a; b; a

4. verdadeira;

...tomam o nome de loggia

....o pátio central tem habitualmente planta quadrada e apresenta um aspecto elegante em contraste com o exterior do palácio que é compacto, maciço

...evoluiu da planta de cruz latina para plantas centradas (quadradas, circulares, gregas)

...através dos tratados, dos vestígios arqueológicos e das construções


5. a filosofia da Claritas, antropocentrismo, humanismo, racionalismo

a igreja como orgulho da cidade versus a igreja para culto privado

a submissão do homem perante Deus/ olhar para cima


6. arcada com arcos em ogiva/apontados/quebrados; arcada com arcos de volta perfeita

colunas com colunelos adossados; colunas de secção redonda sem colunelos adossados

dois níveis (arcada,clerestório) três níveis (arcada, trifório, clerestório)

entrada de luz pelos vitrais das janelas altas do clerestório,

tecto com caixotões; cobertura em abóbada de cruzaria em ogiva


7. gótico inicial – renascimento


8. estátuas de portal (espaço religioso), estátua para um jardim (espaço profano)

ambos temática religiosa (Apóstolos; David)

pedra, bronze

formas rígidas, pouco movimento, sem rigor anatómico, sem individualização, rostos sem expressividade, verticalidade, forma dependente da arquitectura

forma mais dinâmica, com rigor anatómico, proporção, mais expressividade e individualização do rosto, forma em S, forma independente.

9. a escultura deixa de servir apenas propósitos religiosos,assume funções contemplativa, comemorativa ,evocativa,

importância da fruição estética.

Autonomiza-se da arquitectura – deixa de ter uma função decorativa acoplada à arquitectura.