quarta-feira, 30 de abril de 2008

Férias em Veneza


Fiquei muito contente em saber que vão viajar nas férias de verão...e ainda por cima vão a Itália. Vai ser muito bom ver tudo com outros olhos. Agora tudo o que aprenderam vai ficar gravado para sempre e não apenas para "exame". Quando virem o Renascimento vão sentir a norma, vão ouvir a harmonia...quando virem o Barroco vão deixar-se seduzir pelas formas sinuosas, pelos contrastes de claro/escuro.

A dormida em Veneza pode ser feita num B&B (muito em conta para os padrões de Veneza) chamado Domus Ciliota. (decoração espartana, limpinho, sossegado, pequeno almoço razoável). No entanto, em Mestre (fora de Veneza propriamente dita) é capaz de haver mais barato, mas esta tem a vantagem de estar mesmo, mesmo em Veneza. Apanhem um vaporetto...

Vamos dar um passeio pelo Grande Canal e desta vez, atenção aos palácios! Antes da Ponte do Rialto, encontram o Ca' Pesaro (hoje galeria de arte...e mostrado na aula), passam a ponte encontram o Ca' Rezonnico, um palácio com espírito barroco (vejam o salão dos bailes e os frescos de Tiepollo (para a semana falamos nele). Podem depois sair na paragem Accademia. Aqui vale a pena ir ao Museu (da Academia, claro) e deleitarem-se com pinturas de tooooda a matéria do 11º ano... Ah! a fachada é Barroca! Ainda nessa margem, mas um bocadinho mais à frente (podem ir a pé) têm a Colecção de Peggy Guggenheim (1898-1979) coleccionadora, comerciante de arte e mecenas. Isto será um "cheirinho" da matéria do 12º ano. Voltemos ao vaporetto, desta vez para parar na igreja barroca de Santa Maria della Salute (também mostrada em aula, era a que tinha uns "orelhões" enormes para suportar o peso da cúpula). Aqui tentem ir à sacristia e ver Ticiano (falamos dele na próxima semana).

E depois, claro, temos a Praça de São Marcos...aqui podem visitar o Museu Correr. Se já estiverem muito cansados podem vê-lo a "correr", mas tenham atenção às esculturas do Canova, que irá ser matéria do próximo ano lectivo. Se tiverem pouco tempo prefiram o museu da Accademia. Ainda na praça podem ter a sorte de conseguir ter pouca gente na Basílica (eu nunca consegui ver a basílica com olhos de ver...havia sempre muito turista). Podem ver o Palazzo Ducale, tem menos gente ;)


Em Veneza as igrejas são mais que muitas, o que dá para ir percorrendo as "capelinhas" ao sabor do tempo disponível.

Como já vos disse, a experiência dos lugares constrói as nossas memórias e faz de nós aquilo que somos e que pretendemos ser. Não é apenas ver. É sentir, é cheirar, é saborear, é ouvir...é tudo isso fundido que nos envolve num turbilhão de sentimentos que guardamos...e partilhamos. Se for possível, guardem uns Euros para tomar um café num dos mais bonitos cafés, o Florian, na Praça de São Marcos.



Francisco d' Este e Nicolas Cage



Não resisti a procurar o rosto do Cage para o comparar ao busto de Francisco d´Este (1650, Mármore, alt. 100 cm,Galleria Estense, Modena) mostrado na aula de ontem. É certo que estão em posições diferentes e além disso o penteado não ajuda muito...mas podemos imaginar e até fazer a "ponte" entre a voluptuosidade e movimento dos panejamentos de Francisco com a roupa de Cage. Há claro-escuro, por exemplo.
É interessante pensar que apesar das diferenças, os seres humanos têm todos a mesma matriz...o que faz com que de vez em quando encontremos parecenças. Acho que podem aproveitar esta ideia (das parecenças) para o trabalho final.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

D. João V a fazer qualquer coisa

Este post não tem fotografia...mas tem uma sugestão a propósito da matéria leccionada. Experimentem ir ao MNAA, procurar a sala 69, procurar uma vitrine com uma miniatura de P. Castrioto, de 1720, em marfim (pintado) com uma moldura em prata...o que será que está representado nessa cena do século XVIII? Será D. João V a jogar Playstation? Será D. João V a ver os estudos para a nova travessia do Tejo? Vão até lá e aproveitem para revêr os barrocos.

sábado, 12 de abril de 2008

O magnifíco


Em português João é nome com "obra"...tivemos o I (o mestre de Avis) o II dos Descobrimentos... e temos um Sousa que tem dado que falar no EstorilOpen. Mas não é desse que vamos falar hoje.
Já nos apercebemos que o contexto, seja ele político, religioso ou geográfico é muito importante para os fenómenos artísticos (e não só). O barroco francês tem a marca de Luís XIV, o barroco italiano tem a marca da igreja católica (do Papa Sisto V a Urbano VIII), o barroco na Holanda independente da Espanha é a afirmação orgulhosa de uma monarquia constitucional de carácter burguês, a Inglaterra oscila entre a monarquia de Carlos I, que será decapitado dando origem a uma república de curta duração... assim ia a Europa no período barrroco. E Portugal? Portugal depois de uma apatia cultural resultante da dependência espanhola, lá arranja forças para reclamar independência - a restauração em 1640. Com tranquilidade (mas ainda sem Paulo Bento) em 1706 sob ao trono um rei que soube agarrar a oportunidade que a descoberta e exploração das minas de ouro no Brasil lhe proporcionou. Podia ter trazido telenovelas ou jogadores de futebol, mas trouxe OURO...o que no século XVIII era capaz de dar mais jeito! Falamos de D. João V, o magnífico, o rei que se destaca dos demais pelo mecenatismo. Este rei vai não só encomendar obras de arte aos principais centros europeus de produção artística, como também vai criar, em Roma no ano de 1720 pela mão do embaixador Marquês de Fontes, uma Academia Portuguesa. Os artistas portugueses rumam a Itália não só para ter contacto com os mestres, adquirindo dessa forma a formação, como também para observar a produção artística de outros tempos. (não há nada que substitua a experiência dos lugares...e das obras em contexto)
Livres de espanhóis e holandeses, viveram-se em Portugal tempos de intensa actividade mecenática graças ao período de pujança económica, onde não se falava em crise e dos "pobrezinhos" era o reino dos céus! (sim, claro, Portugal vai ser um aliado de Roma Pontifícia)

D. João V colocou novamente o nome de Portugal no mapa da Europa e do mundo. Depois vêm o D. José (não, ainda não é o Mourinho) um Marquês e um Terramoto... e lá voltamos a estar nas bocas do mundo. (mas isto é matéria do 12º).

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Luís, o absolutista


Depois de termos visto o Luís XIV de collants armado em sol num bailado, compreendemos como foi possível a construção e a manutenção de um regime absolutista.

Como sabemos tudo começou com o Luís anterior (o XIII) que brincava aos governos porque quem na realidade controlava o estado era o cardeal Richelieu (o do Dartacão!). Quando o rei morre, o Luís dos collants ainda era uma petiz de cinco anos...e convenhamos, uma criança com cinco anos está mais preocupada com o Rucca ou em acreditar que um dia o Benfica vai voltar a ser campeão do que em preocupar-se com os destinos do país!

Voltando ao Luís XIV: quem sabe se por ter tido uma infância em que o poder era detido pelo cardeal Mazarino e ao pequeno Luís restavam apenas brincar aos reis, este não ficou traumatizado e como reflexo desse trauma tornou-se num rei absolutista...se tivesse sido acompanhado na escola por psicólogo se calhar nunca teria havido Versalhes, Revolução Francesa, Napoleão... (a Revolução Francesa e o Napoleão são para as minhas alunas do 12º)

Aquando da morte do cardeal que lhe estragava as brincadeiras de pequeno ditador, o nosso reizinho toma as rédas do poder e desforra-se! Sabem como escolhia os ministros?

"Não é do meu interesse tomar ao meu serviço homens de uma categoria eminente. Antes de mais, é preciso estabelecer a minha própria reputação e dar a conhecer ao público, através, da própria categoria onde os tomei, que a minha intenção não é partilhar com eles a minha autoridade. Interessa-me que não concebam esperanças mais altas do que aquelas que eu lhes queria dar, o que é difícil para as pessoas de alto nascimento"

Palavras de Luís XIV, nas suas Memórias

domingo, 6 de abril de 2008

Arquitecto da Luz


Na semana passada foi atribuído ao arquitecto Jean Nouvel o prémio Pritzker, o mais importante prémio de arquitectura do mundo. Este arquitecto inspira-se nas catedrais e igrejas medievais, que se inundavam de luz através dos vitrais. A luz constrói o espaço, o que para vocês que dominam o gótico desde primeiro período, é uma ideia muito fácil de entender.

Deixo-vos o link para o site do atelier de Jean Nouvel para uma espreitadela.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

trabalho de casa



A pedido de várias famílias aqui vos deixo reproduções dos quadros de Ghirlandaio e de Rembrandt, que estão no Museu da Gulbenkian.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Sair ou não sair da António Arroio

Aquele Amo-te que está pintado à porta da nossa escola é uma mensagem que só quem vive ou viveu na António Arroio consegue compreender. Naqueles corredores há uma melodia que só nós conseguimos ouvir. Naquelas salas há uma luz que só nós conseguimos ver. Naquelas oficinas há texturas que só nós conseguimos sentir. Naqueles canteiros há flores e árvores que na Primavera enchem o ar com cheiros que são só nossos. Porque aquela escola é um lugar diferente. Talvez por isso é que ninguém quer sair de lá...mesmo os antigos alunos voltam sempre para uma visita.

Este texto é para uma aluna (já a convenci?)...e a imagem é para outra...

P.S. Aquela ideia de fazermos um lanche ou um pic-nic é muito interessante...e se fosse um lanche barroco, tipo Luís XIV e sus muchachos no Palácio de Versalhes? Mas também pode ser Renascentista, tipo sarau no palácio do Lourenço de Médicis...ou quem sabe Gótico, mais light...light=luz=filosofia da Cláritas !!!